É pra você Fernando Pessoa!

01/04/2014 12:47

Você disse:

- Todo poeta é um fingidor...

Pois, não generalize Fernando Pessoa.

De modo que se você ou a maioria

dos outros poetas estão fingindo,

eu não estou!

 

Eu sinto tão bem a dor que escorre do meu pulso.

Eu não sou fingi/dor porque eu sei o que é sangrar

O que é doer e não poder gritar.

Eu estive na merda!

 

Eu não sou um fingidor de maneira alguma, senhor.

Minha dor é tão real que não uso heterônimos...

E meu pseudônimo é a leve maneira que eu encontrei

Para escrever escondido da censura familiar.

 

E custe o que custava, eu dei minha cara a tapa!

Eu botei no papel tudo que um dia eu cheirei.

Eu botei no papel todos os porres que tomei.

Eu botei no papel toda angústia, todo sofrimento

E mais cedo, cada vez mais cedo

Eu já não tinha mais medo.

 

Benditos controlados.

Controle exato.

Taxativo, multifacetado, poeta das ruas

Infâmia das glórias...

 

Ah! Fernando Pessoa.

Eu e Freud já nos batemos muito.

E eu sei o que é um ano, dois anos a mais...

Tudo isso não passa de um pérfido teatro mágico.

 

-Eis que fingidor não sou.

Nem sou desses fingidores que se espalham

Colocando malditos alfinetes nos braços

Para fingir tão bem a “ dor” que deverás sentir...

 

Eis que sou cru

Como um cheiro de alcatrão

E não é bonito dizer isso

Da mesma maneira que não é bonito

Dizer que existem palavras pra todos ...

 

Absolutamente, não existem palavras para todos, não!

 

 

@J. ROWSTOCK