Sobre um Escritor.
Eu conceberia a tragédia da mesma forma que conceberia o caos.
Aliás, que mania que eu tenho de achar que caos é ordem e deve
ser por isso que me perco aqui dentro, deste humilde apartamento
no centro em que tento a profissão mais furiosa do mundo :
-ser escritor.
Para ser escritor não preciso ir à faculdade, preciso ir à biblioteca.
Quanto mais lêr, mais vou conseguir escrever e quanto mais café
eu tomar mais eu vou escrever. O vinho é o leite dos poetas e o
café a bebida do escritor. Ser escritor, uma tarefa difícil. Mecher
com o intelecto é tão árduo quando trabalhar com uma inchada,
a única diferença é que a caneta não é tão pesada quanto. Porém
as ideias são árduas e colocar as mesmas no papel demanda
habilidades que poucos têm.
Eu sou escritor, todavia, quando digo que esta é minha profissão
as pessoas perguntam sobre como eu pago minhas contas ?
Eu respondo que é com o dinheiro da pena, então elas ficam
surpresas e nós mais ainda! Ou ainda somos tão medíocres que
em pleno século XXI não conseguimos ainda viver de nossos escritos,
em quanto Jorge Amado em outrora, já sustentava ele e sua família
com o livro – Tenda dos Milagres.
Para ser bom no que eu faço, eu vivo a revelia. Não tenho uma rotina pronta,
como Virginia Woolf tivera, faço simplesmente dos meus dias uma espécie de
esquizofrenia social simpática aos meus olhos, de modo que consigo ter semanas
de puro tédio e semanas de puro trabalho e já que a felicidade é efêmera o que
me resta é saber dominar o tédio e produzir junto a este sentimento tão mundano.
É o abismo da humanidade, a melancolia, já que nossa sociedade está doente desde
o século passado. E ainda não temos remédio para todos...
Eu encontrei meu remédio na escrita. Faço dela uma terapia e o que escrevo é uma
extensão dessa maneira de enfrentar a vida. Consegui de todo modo me automedicar
com as palavras tão pouco usadas em nossos dias porém bastante para todos.
Teria eu uma vontade plena de algum dia por segurança querer vender tantos livros como
vendem os padres? Já vos digo que não, primeiro porque eu não acredito em catolicismo e
do mesmo eu prefiro só os pecados, segundo porque sou extremamente sincero no que faço
e preciso viver para escrever. Escrevo o que eu vivo, por isso às vezes sou muito cru e
completamente nu nas palavras erradas e exatas. Coloco vírgula onde acho que existe,
ou talvez seja essa minha respiração poética. Todavia, nunca esqueço os três pontos,
pois são eles que deixam o leitor pensando e sinceramente eles sabem que existe alguma
coisa nos três pontos, pelo fato de estarem lendo já não os considero burros e sim gêniais.
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Feliz dia da Poesia - 14/03
" A POESIA TEM A COR DO PARAÍSO, AFINAL" J. Rowstock